Transtorno

Crateras interrompem trânsito em estrada para Monte Bonito

No corredor da Jacob Müller, próximo ao assentamento, uma das maiores preocupações é com prejuízos no escoamento da produção agrícola

Jô Folha -

Moradores de uma pequena comunidade de Monte Bonito, 9º distrito de Pelotas, pedem socorro ao Poder Público. Eles se sentem isolados toda vez que chove e a estrada Jacob Müller, considerada o acesso mais rápido à cidade, pela Barbuda, para escoar os produtos agrícolas, é interrompida por crateras tomadas de água. Próximo ao assentamento Herdeiros da Resistência, a situação é pior: a sensação é de que a estrada afundou. Quem tem condições, faz outro trajeto, mas para os que se arriscam em caminhões ou caminhonetes, arcam com hortifrutigranjeiros danificados do sacolejar do trajeto. Alguns agricultores já estão desestimulados por ficarem reféns das condições das vias de escoamento. A prefeitura sugere usar a estrada do Sinott, que dobra o percurso até a cidade, enquanto o clima não permite fazer melhorias nos locais.

Com a situação insustentável, moradores se mobilizaram e dia 15 deste mês, às 19h, na Comunidade Católica Jesus Operário, está marcada uma sessão extraordinária da Câmara de Vereadores. Se até lá a estrada não passar por reparos, serão muitos os relatos aos parlamentares. Um deles deve ser da agricultora Marialda Brauch Priebe, de 56 anos. Plantadora de morango em estufa, junto com o marido, Paulo Pribe, conta que na última terça-feira quase perdeu o motor do carro ao tentar passar pela cratera com água. "A situação é vergonhosa. Está muito perigoso passar por esse ponto. Eu acredito que nem caminhão vai tentar hoje à tarde (quarta)", sustentou. Para não estocar as frutas, nesta quarta-feira (3) a agricultora aumentou em 25 quilômetros seu percurso diário até o Centro de Pelotas, através da estrada do Sinott. "Mas pode ser mais, dependendo do local onde vamos entregar", disse ela ao fazer o cálculo de quanto percorre por dia: 50 quilômetros.

As tentativas de bicicleta ou de galochas resultam em pés molhados, pois pela profundidade, a água quase alcança os joelhos. O motorista de caminhão que transporta resíduos orgânicos, Maicon Oliveira, costuma trafegar pela Jacob Müller seguidamente. Como teve que reduzir a velocidade para atravessar o primeiro trecho crítico, parou para conversar com a reportagem. "Aqui ainda está firme. A situação está feia mais lá pra frente, cerca de dois quilômetro, onde parece que a terra afundou", sinalizou antes de seguir viagem. A travessia foi devagar e, em certo ponto, o veículo de carga chegou a ladear.

A professora aposentada Ana Girlei de Moura Lemos, vizinha do assentamento onde vivem cerca de 26 famílias, a maioria agricultores, conta que a situação não é de agora. "Por onde passa o ônibus estava muito ruim. Duas caminhonetes queimaram o motor", relatou. Na ocasião, a comunidade reuniu os vereadores e conseguiu que caçambas de aterros resolvessem parte do problema. Como a situação voltou a se repetir, a aposentada frisa que novamente os moradores estão recorrendo ao Poder Legislativo, através da sessão marcada para o dia 15.

Quem questiona se vale a pena seguir produzindo é o agricultor de 40 anos, Jones Schilin. "Esse é um problema que se arrasta por vários anos e estava muito pior. Fizemos um mutirão e pedimos autorização a um proprietário para abrir um canal. Mas não foi suficiente." Ele faz o percurso de quatro a seis vezes por dia, pois leva o filho deficiente na escola e ainda os produtos, como frutas e hortaliças para vender na cidade. Quando a estrada está boa são 15 minutos. Agora são 30 minutos para ir e mais 30 para voltar. Se for pelo Sinott, dos 24 quilômetros percorridos, viram 66 quilômetros. "Meu carro-chefe é o morango e já passei por situações em que eles ficaram danificados e o comprador devolveu".

O que diz a Prefeitura
A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) confirma que o acesso para o Monte Bonito pela estrada da Barbuda, no corredor Jacob Müller, foi interrompido para trânsito em razão do excesso de chuva que danificou a pista, que é de chão batido. Em nota, a SDR salienta que a estrada do Sinott está liberada e a via foi recuperada recentemente, assim como a ponte da Barragem. Portanto, recomenda esse acesso. O volume de precipitação foi outro ponto destacado pela Secretaria, já que no mês de julho foram quase 20 dias de chuva, com poucos períodos de tempo estável, o que dificulta a recuperação imediata dos pontos, pois é preciso esperar que o solo seque um pouco para realizar a drenagem e a manutenção. "Assim que a previsão climática permitir, os trabalhos no corredor Jacob Müller terão continuidade, para que o acesso seja liberado", diz a nota. A comunidade, entretanto, precisará continuar aguardando, devido à previsão de mais chuva para esta quarta.

 

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